«Ninguém é maluco»

O The Wall Street Journal descreve A Psicologia do Dinheiro como «um dos melhores e mais originais livros de finanças dos últimos anos.» De facto, não é por acaso que o livro se tornou bestseller, e foi publicado em 25 países.
Com efeito, o autor, Morgan Housel é original, na medida em que foca a base das nossas decisões financeiras. No fundo, as nossas condicionantes psicológicas. Em consequência, a nossa conta bancária reflete esta dimensão. É inevitável.
Contudo, o mais curioso é que a formação do autor nada tem a ver com psicologia ou humanidades. Pelo contrário, tanto a sua formação como a área de trabalho são os números e, em particular, os investimentos.
Desde logo, o autor começa por estabelecer que «ninguém é maluco». Ou seja, as más decisões financeiras têm sempre uma explicação.
Assim sendo, essa explicação assenta muito na nossa história pessoal, e na nossa forma de pensar. Na prática, assenta no nosso ego, no marketing a que estamos sujeitos, naquilo que queremos mostrar aos outros, etc. Por essa razão, a racionalidade dos números passa, muitas vezes, para segundo plano. Em consequência, muitas vezes o desastre financeiro acontece…
Em suma, o nosso património – ou a falta dele – traduz as nossas condicionantes psicológicas.


A difícil arte de saber quando o dinheiro é suficiente

No livro «A Psicologia do Dinheiro», Morgan Housel relata diversas histórias que ilustram o seu ponto de vista. Entre elas, alguns dos relatos mais impactantes são sobre pessoas muito ricas que foram parar à prisão por quererem ser ainda mais ricas. Nomeadamente, Rajat Gupta e Bernie Madoff.
Sobre estes casos, o autor cita Warren Buffett, considerado o maior investidor de todos os tempos. «Ao ganharem o dinheiro que não era deles e de que não precisavam, acabaram por arriscar tudo aquilo que tinham e de que precisavam.»

De facto, como referiu Buffett, «é uma tolice». Afinal, «não faz sentido arriscarmos aquilo que é importante para nós por causa de algo que nos é irrelevante.»

Contudo, inclusivamente em Portugal, não faltam casos de gente rica que arrisca a reputação e a liberdade para ter ainda mais riqueza. Sem dúvida, é algo difícil de compreender por quem tem pouco. No entanto, embora em diferentes medidas, é uma condicionante psicológica que se aplica a demasiadas pessoas. Mesmo as que não cometem ilegalidades. Na base, está a dificuldade em reconhecer que já temos o suficiente.

No seu caso, de quanto precisa para se sentir satisfeito? E se lhe aumentarem o salário, vai aumentar também os seus gastos? Ampliar o seu estilo de vida? Sem dúvida, é o que faz a maioria das pessoas. Por isso, dificilmente, enriquecem. Em suma, «a mais árdua das competências financeiras é fazer com que as metas se mantenham no mesmo lugar.»

Mais difícil do que enriquecer é continuar rico

Ao mesmo tempo, outra das grandes dificuldades de quem consegue acumular património é precisamente mantê-lo. Como? Segundo o autor, com uma mistura de frugalidade e paranoia. Frugalidade como regra (claro que pode haver algumas exceções) e paranoia de ficar sem nada.

Para isso, há que evitar dívidas, excessos, vaidades e show-off, e outros afins. Mais uma vez, defina as suas metas e mantenha-se fiel a elas. Por mais que o seu património aumente.

«A riqueza é aquilo que não se vê»

Sem dúvida, esta é uma das ideias mais interessantes do livro «A Psicologia do Dinheiro».


Naturalmente, temos tendência a acreditar que quem circula com um automóvel milionário tem uma condição financeira invejável. No entanto, na prática, o automóvel é uma comodidade em que a riqueza já foi gasta.

Como refere o autor – que na juventude arrumou carros milionários – muitas vezes essas pessoas gastam «uma gigantesca percentagem dos respetivos salários num carro.» Mais do que isso, quando vemos um desses automóveis, a única coisa que sabemos sobre o dono é que está mais pobre ou mais endividado do que estava antes de o ter.

De facto, desconhecemos quanto tem na sua conta bancária ou na sua carteira de ações. Se vive numa casa também cara ou num cubículo, por gastar a maior parte do dinheiro no carro. Assim sendo, refreemos desde já a nossa inveja. Melhor ainda: será que precisa mesmo de um automóvel assim? Para impressionar quem? Ganhar reconhecimento de quem o rodeia?

Como certamente sabe, as pessoas importantes da sua vida impressionam-se com as suas qualidades e não com os seus bens. Se a sua personalidade for menos importante do que as suas posses, isso é mau sinal. Não concorda?

Na verdade, o carro que conduz só impressiona as pessoas que não são importantes para si. E já agora, qual a real razão de as querer impressionar? Precisa que o valorizem mais, porque se sente desvalorizado? Sem dúvida, este livro levanta muitas questões relevantes, que nos confrontam connosco próprios.

A fechar «A Psicologia do Dinheiro», o autor partilha a sua própria estratégia de gerar e manter a riqueza. Naturalmente, é adequada ao seu próprio perfil psicológico, e não se aplica a toda a gente.

Para finalizar, fechamos este texto lembrando uma frase lapidar que abre um dos capítulos. «Gastar dinheiro para mostrar às pessoas quanto dinheiro temos é a forma mais rápida de ficar com menos dinheiro.»

Pense nisso.

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