Um ensinamento precioso

Com efeito, a maior parte da minha vida profissional foi a trabalhar como jornalista. Mais precisamente a criar conteúdos e a fazer entrevistas e reportagens, em produtoras de televisão.

Um certo dia, no início deste percurso, o dono da empresa onde eu trabalhava deu-me uma missão diferente. Tinha ido a Cannes, à feira onde se compravam formatos televisivos, e tinha uma tarefa para mim. Na prática, precisava que eu me sentasse a ver os programas que tinha trazido, e transpusesse os respetivos formatos para o papel. Ou seja, eu tinha de explicar o programa, num projeto que iria ser apresentado ao diretor de um canal de televisão.

Claro que sim, missão aceite. De facto, era algo novo, mas daria o meu melhor.

Porém, antes de virar costas e ir à vida dele, fez-me um aviso, de dedo em riste: «quero isso à prova de idiota».

Sem dúvida, devo ter olhado para ele com espanto, porque a seguir explicou-se melhor. Para que eu percebesse o que queria dizer, acrescentou: «Se o homem não entender isso (em que consiste e como funciona o programa), a culpa não é dele, é sua».

Pois.

Naturalmente, com aquela expressão que nunca mais esqueci, ele não estava a ofender ninguém. Pelo contrário, simplesmente queria dizer que QUALQUER pessoa deveria compreender facilmente o conteúdo apresentado. Afinal, como a boa comunicação deve ser…



Imagem de Karolina Grabowska, Pixabay

Comunicar «à prova de idiota» facilita-nos muito a vida

Sem saber, ou talvez tendo essa noção, o B. C. deu-me o ensinamento mais importante de toda a minha vida profissional. Efetivamente, a expressão «à prova de idiota» passou a fazer parte do meu vocabulário. Mais do que isso, esteve presente na minha mente, em tudo o que escrevi até hoje.

De facto, quer fosse para televisão, imprensa, internet ou livros, tive sempre a clara noção de que, se o leitor não entendesse o que eu estava a escrever, a culpa era inteiramente minha. Tinha de ser cuidadosa, e comunicar de forma clara.

Sem dúvida, este é um princípio essencial na comunicação. Sejamos jornalistas ou não.

Se não comunicarmos de forma clara, o outro pode, de facto, não entender o que queríamos dizer. Geram-se atritos, conflitos e até, no limite, afastamentos nas relações interpessoais. Muitas vezes, sem razão. Mais vale evitar, não concorda?

Assim sendo, o mesmo se aplica à forma como comunicamos o nosso produto ou projeto. Isto, para aqueles que, de facto, o fazem.


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Não basta fazer. É preciso comunicar.

Como sabemos, ainda hoje, muitas empresas não apostam – o suficiente, ou de forma eficaz – na comunicação. É um desperdício de talento, se não comunicarmos o que fazemos. Chega a ser, por vezes, uma dor de alma. Mal empregado trabalho, se não o dermos a conhecer a quem dele precisa.

Como não se cansa de repetir a guru do empreendedorismo Marie Forleo, se não dermos a conhecer o que fazemos, estamos a prejudicar as pessoas que precisam do nosso produto ou serviço.

Faz sentido? Claro que sim.

Em suma, o que é bom merece ser divulgado. E em Portugal fazemos tantas coisas brilhantes, que o público merece conhecer.

Portanto, se quer fazer chegar o seu produto, serviço ou projeto a mais pessoas, coloque a comunicação na sua lista de prioridades. E comunique sempre «à prova de idiota». Dito de outro modo, lembre-se de uma das máximas do marketing: baralha o cliente, perde o cliente.

Em suma, além do retorno que a boa comunicação pode trazer, também é possível que, com isso, acabe por fazer a diferença na vida de alguém. Duvida?


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