Tem dificuldade em dizer «não»? Pois, todos temos.

O seu chefe pede-lhe para fazer horas extra quando tinha planeado sair mais cedo e fazer desporto? Está concentrado a fazer uma tarefa mas alguém o interrompe a pedir uma ajudinha? E quando alguém lhe liga num sábado à tarde e insiste que precisa mesmo da sua companhia para uma noite de copos, quando tinha planeado descansar depois de uma semana de correria?

Aposto que já lhe aconteceu tudo isto e muito mais, e disse «sim» quando só lhe apetecia dizer «não». Acertei?

Pois. No entanto, não se preocupe, porque não há nada de errado consigo. Todos temos esta dificuldade. Por isso, demasiadas vezes caímos na tentação de agradar aos outros, com prejuízo da nossa verdadeira vontade. É instintivo, inato e quase automático. Mas porquê?

Setas que indicam Yes e No

Encare a dificuldade e decida ultrapassá-la

A Psicologia explica a dificuldade em dizer «não» com o receio inato de sermos rejeitados. Com efeito, desde o tempo das cavernas que este é um dos medos mais enraizados no ser humano. Afinal, a nossa sobrevivência dependia da integração num grupo.

No livro «Aprenda a dizer não sem culpas», o especialista em comunicação e liderança António Sacavém explica que «ao dizer “não”, tememos que a nossa necessidade de pertença e de conexão social não seja satisfeita». E quem é que quer ser um pária da sociedade?

Contudo, o autor vai mais longe e explica que a ciência já demonstrou o que se passa no nosso cérebro. Na realidade, «se percecionamos que não estamos a ser aceites, ou até quando simplesmente imaginamos a rejeição, respondemos com os mesmos circuitos neuronais que usamos para ler a dor física, ou seja, sentimos dor.»

No momento de dizer «sim» ou «não», o inconsciente costuma sobrepor-se e, como queremos evitar problemas, aceitamos o que nos estão a pedir. Mesmo que, racionalmente, a resposta fosse um rotundo «não».


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Da pressão social à libertação

Por outro lado, somos educados para obedecer. Aos pais, aos professores, aos patrões… Se não o fazemos, sentimos que estamos em falta.

No seu livro “The Book of NO”, a psicóloga social Susan Newman justifica que, «quando fomos crianças e adolescentes, tivemos o ‘não’ arrancado de nós». Afinal, ensinam-nos que o correto é obedecer aos pais e às figuras de autoridade.

No entanto, onde fica o nosso livre arbítrio? Dito de outro modo, onde se situa a fronteira entre o respeito pelos outros e o respeito por nós próprios? Em que lugar da lista de prioridades fica aquilo que é mesmo importante para nós? E será que temos, sequer, uma lista de prioridades definida? Ou andamos ao sabor das «oportunidades» que nos impingem?

Receamos que, ao dizer não, nos considerem preguiçosos ou egoístas. Ou simplesmente desinteressados. Não queremos isso, pois não?

Com efeito, dizer «sim» quando adoraríamos dizer «não» é uma reação, muitas vezes, inconsciente. Quando damos por isso, já está. E depois, como voltar com a palavra atrás? No entanto, é pior a emenda do que o soneto.

Ou seja, evitar o «não» pode prejudicar-nos largamente, se nos impedir de tomar boas decisões. Dito de outro modo, prejudica-nos se nos afastar daquilo que realmente queremos ou devemos fazer. Vai deixar que solicitações pouco importantes – e por vezes abusivas – lhe ocupem o tempo e a energia?

Trace uma lista de prioridades

O problema é que o nosso tempo é limitado. Infelizmente, não estica. Por isso, é importante decidirmos de forma consciente de que forma o queremos empregar. Com quem? A fazer o quê? Para isso, é preciso termos sempre presente, de forma muito clara, a nossa lista das nossas prioridades. Já definiu a sua? Se ainda não, damos uma ajuda.

Quem são as pessoas que mais merecem o seu tempo e a sua energia? Que opiniões alheias são mesmo importantes para a sua vida? Quais as tarefas mais urgentes que tem em mãos? Que projeto quer mesmo concretizar, sob pena de ser uma pessoa frustrada? Estas são algumas das perguntas que podemos fazer, para definir a nossa lista.

Deste modo, com uma lista de prioridades, quando surgir um imprevisível pedido, sabemos se temos vontade e disponibilidade para dizer «sim». Ou então «não», porque existe algo mais importante/ urgente na nossa lista.

Os perigos de evitar dizer «não»

Naturalmente, como todos sabemos, na vida é preciso fazer alguns fretes. Faz parte. No entanto, o problema surge quando dizemos demasiadas vezes «sim», quando na verdade isso é uma contrariedade. Para agradar aos outros, acabamos por relegar para segundo plano as nossas prioridades.

Ou seja, temos de fazer fretes com conta, peso e medida. Caso contrário, acabamos por ficar atolados em tarefas, eventos, etc. que não são importantes para nós, em detrimento daquelas que, de facto, são do nosso interesse. Infelizmente, o nosso tempo não estica. Nessa medida, cada «sim» que dizemos implica um «não» a outra coisa. Portanto, há que escolher com cuidado.

Uma vez que o nosso tempo não estica, é preciso avaliarmos o custo de cada oportunidade. Ou seja, se aproveitarmos determinada oportunidade, que custo isso terá? O que estaremos a sacrificar? Vale a pena assumir esse custo? Faz sentido essa oportunidade saltar para a frente, na sua lista de prioridades?

Naturalmente, todos sabemos que não é fácil fazer essa avaliação. Muito menos, nos dias que correm, em que as redes sociais e a constante «ligação» por via digital nos dão uma imagem distorcida da realidade. De modo geral, temos a sensação de que o mundo está a acontecer lá fora, e nós estamos a perder toda a diversão. A ficar para trás. É o chamado FOMO. Fear Of Missing Out.

Por tudo isto, dizer «não» tem mesmo de ser aprendido. É aqui que o livro «Aprenda a dizer não sem culpas» pode fazer a diferença na sua vida. O autor é António Sacavém, especialista em liderança e comunicação.

«Aprenda a dizer não sem culpas»

Na obra, editada em 2018 pela Manuscrito, o autor mostra «como o não-positivo pode transformar a sua vida pessoal e profissional».

Em regra, atribuímos à palavra «não» uma conotação negativa, a capacidade de ofender alguém. No entanto, existe o «não-positivo», que António Sacavém partilha com os leitores.

Com efeito, além de nos fazer encarar de frente a dificuldade em dizer «não», o autor ensina a fazê-lo de forma a mantermos a paz connosco próprios e com os outros. Adquirindo esta capacidade, este importante skill, que é saber dizer «não» quando é preciso, temos muito a ganhar. Nomeadamente produtividade, capacidade de concretização, equilíbrio trabalho/vida pessoal, paz interior, realização pessoal, etc. etc. etc.

Segundo explica o autor, «sabermos dizer “não” de modo adequado, respeitoso e no momento certo não nos torna más pessoas. Pelo contrário, pode dar-nos a oportunidade, assim como ao outro, de incrementarmos uma relação mais genuína, madura, aberta.»

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Um livro bem fundamentado

No livro «Aprenda a dizer não sem culpas», António Sacavém recorre a fundamentação científica para sustentar os princípios em que assenta todo o seu trabalho. Mais do que isso, o seu modo de estar na vida, e de se relacionar com os outros.

Desde logo, o autor faz um ponto de situação: «por vezes dizemos “sim” apenas porque é o caminho mais fácil, porque nos faz sentir aliviados momentaneamente. No entanto, passado pouco tempo, somos tomados por emoções negativas, como o arrependimento e a frustração.» A quem é que isto nunca aconteceu?

Antes de mais, chama a atenção para a primeira pessoa a quem temos de aprender a dizer não: nós próprios. «Ou seja, ao nosso diálogo interno “distrator”». Não sendo fácil, é o primeiro passo para nos mantermos focados naquilo que é mais importante.

Em segundo lugar, António Sacavém reforça que «ao dizermos “não”, fazemo-lo relativamente a um comportamento, ou a uma situação, e não relativamente à pessoa em si.» Logo, retiremos à palavra boa parte da carga negativa que geralmente lhe atribuímos.

Em terceiro lugar, o autor introduz 3 conceitos de «não», para utilizarmos consoante as circunstâncias. São eles o não-negativo, o não-positivo e ainda o não-assertivo. Todos são importantes, e devem ser utilizados em diferentes circunstâncias.

O não-negativo

O não-negativo é um tipo de «não» que nos leva a ficar onde estamos. Ou seja, a evitar a mudança, o progresso, o nosso desenvolvimento numa determinada área da nossa vida. Ou em todas, na pior das hipóteses…

Através de um exemplo, o livro explica melhor este conceito. Imagine que o seu sonho é ser diretor de um determinado projeto. Depois de muito batalhar, finalmente chega a sua oportunidade de ser promovido e… diz não. Por receio, por achar que não é a altura certa, por isto ou por aquilo… o que é certo é que recusou aquilo que, na verdade queria.

Conforme refere o autor, é um «não» que nos leva a recusar um bom desafio, apenas para nos mantermos na nossa zona de conforto. No entanto, existem outros «nãos» aos quais podemos – e devemos recorrer. E aprender a dizer da forma correta. António Sacavém explica tudo, neste livro.

Algumas expressões do não-assertivo

O não-positivo

Este é o «não» que temos mesmo de aprender a dizer. Em que consiste? Na prática, é uma forma de darmos uma nega a alguém, mas com empatia e com um registo de inclusão do outro. Ou seja, em que propormos uma solução de compromisso, apesar da nega que vamos dar. Mais do que isso, a razão para usarmos este não-positivo é determinante. Na prática, «é uma ferramenta essencial para nos ajudara estar mais focados naquilo que é realmente importante na nossa vida.» Ou seja, o não-positivo só pode existir se soubermos aquilo que realmente queremos».

Por exemplo, imagine que desde muito novo tem o sonho de escrever um livro. Assim, decidiu que chegou a altura, e define que vai escrever todas manhãs durante 7 meses. Contudo, a dada altura, uma amiga de longa data vai estar na sua cidade uma temporada e quer encontrar-se consigo todas as manhãs, no ginásio, nos próximos 15 dias. O que faz? Recusa simplesmente? Inventa uma desculpa?

O não positivo tem 3 fases:

  1. Antes de mais, o foco naquilo que é mais importante para si.
  2. Respeito pelas emoções do outro, neste caso a amiga.
  3. A proposta de uma alternativa.

Assim, a sua resposta, o seu «não-positivo» terá de passar por estas 3 fases, que o autor designa por

  1. Acolhimento (agradecer o interesse da amiga) e a Partilha (de que está focado em algo importante).
  2. Compreensão expressa (admitir que também tem vontade de estar com ela)
  3. Desfecho empático (procurar outra altura para estarem juntos).

Como vemos, este é um «não» que serve um objetivo maior. Que protege aquilo que é mais importante. Ao mesmo tempo, permite conciliar esse objetivo com o pedido que lhe estão a fazer. Contudo, não coloca de lado as suas prioridades para se sujeitar às prioridades do outro. Procura um meio termo.

Conforme refere o autor, o não-positivo «pretende garantir que o seu talento não morre dentro de si.» Em suma, uma simples palavra que nos permite cumprir o nosso propósito pessoal.

Já agora, se por acaso ainda não sabe qual é o seu propósito pessoal, António Sacavém dá uma ajuda, com 3 perguntas:

  • Que pessoa é quando está no seu melhor?
  • O que é que faz apaixonadamente (ou que quer muito fazer) e que o faz sentir especial?
  • Como é que aquilo que faz (ou quer muito fazer) apaixonadamente serve (ou vai servir) um bem maior?

O não-assertivo

Como o termo indica, é uma negativa para ser dita com assertividade, ou firmeza, quando as circunstâncias a isso obrigam. Por exemplo, quando alguém contesta o seu não-positivo. Ou, como sugere o autor, quando «queremos clarificar a nossa posição sem que forçosamente tenhamos de explicar os motivos». Em casos extremos, é o «não» ideal para acabarmos liminarmente com uma tentativa de manipulação.

Em «Aprenda a dizer não sem culpas», António Sacavém dá-nos todas as ferramentas para tomarmos as rédeas da nossa vida, tomando decisões mais genuínas. Entre essas ferramentas, contam-se ainda aspetos importantes da nossa linguagem corporal, que deve acompanhar aquilo que dizemos verbalmente.

Sem dúvida, este é um livro que nos aproxima de nós próprios, e nos abre o caminho para realizar sonhos e concretizar objetivos.


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