Guia para investir e evitar a «Máquina Esbulhadora de Wall Street»

Antes de mais, vale a pena salientar que o título e a sinopse na contracapa não deixam antever a grande mais valia deste livro do «Lobo de Wall Street». 

Efetivamente, aquilo que mais distingue a obra «Investir» de Jordan Belfort é o enquadramento – histórico e atual – dos bastidores de Wall Street. Justamente, o autor mostra-nos os bastidores daquilo a que, sem papas na língua, chama «A Máquina Esbulhadora de Wall Street». Paralelamente, traça (com detalhe) o caminho mais seguro para quem quer investir na Bolsa de Valores. 

Na prática, quem se interessa por investimentos e lê sobre o tema, inevitavelmente acaba por encontrar mais do mesmo. Ou seja, a dada altura, há livros sobre estas temáticas que já nada trazem de novo. Pelo menos, a quem já começou a construir a sua liberdade financeira com um portfólio diversificado. 

Porém, este livro do «Lobo de Wall Street» é diferente. Precisamente, Jordan Belfort ensina-nos muito sobre o mundo dos investimentos. Inclusivamente, desde os seus primórdios. 

De modo geral, ficamos a conhecer o contexto em que as empresas começaram a ser transacionadas de forma pública. A par disso, também recuamos ao aparecimento da Bolsa de Valores e da regulação. Ao mesmo tempo, o autor contextualiza o surgimento doss índices Dow Jones e do S&P. Neste caso, resultante da fusão da Standard Statistics com a Poor’s Publishing.



Ademais, o autor descreve as crises que mais afetaram a Bolsa de Valores americana ao longo do último século. Ao mesmo tempo, realça a forma relativamente célere como o mercado tende a recuperar. 

Fernando e Gordita, os cunhados que servem de cobaias

Desde logo, no início do livro «Investir», Jordan Belfort apresenta-nos a esposa, Cristina, e os cunhados Fernando e «Gordita», que vivem em Buenos Aires. Justamente, o mote para os conhecermos é que, apesar da vida abastada que têm, Fernando conseguiu fazer um conjunto de péssimas opções de investimento e perdeu quase todo o património.

Felizmente, o facto de ter rendimentos elevados permite-lhe recomeçar um portfólio, desta vez com o aconselhamento do experiente cunhado. Nada mais, nada menos, do que «o Lobo de Wall Street».

Assim, ao longo do livro, é esta «consultoria» que serve de fio condutor para percebermos quais as armadilhas a evitar, mas também qual o caminho mais seguro a seguir. Concretamente, com o objetivo de fazer crescer o dinheiro, da forma mais passiva possível.

Dito isto, Jordan Belfort aponta aos cunhados – e ao leitor – o caminho mais seguro para investir. Nomeadamente, recorrendo a ETF com comissões residuais, bem como a obrigações de alta qualidade, para contrabalançar o risco de quedas na Bolsa.

Ainda assim, e de forma realista, dado que o cunhado tende a correr riscos, o «Lobo» até lhe reserva 5% do portfólio para apostas arriscadas, não pondo assim em risco o grosso do património.

O caminho do Lobo

Com efeito, este é um livro surpreendente, pelos conteúdos que apresenta, e rapidamente percebemos que o autor não se coíbe de chamar os bois pelos nomes, e de falar com o leitor como se estivessem ambos, descontraidamente, no café.

Por um lado, o autor presta homenagem a John Bogle, fundador da Vanguard, por lançar no mercado os fundos de gestão passiva, para horror dos corretores que ganhavam a vida com comissões exorbitantes.



Por outro lado, arrasa a «Máquina Esbulhadora de Wall Street», e as comissões recônditas e abusivas que reduzem os ganhos dos investidores. A par disso, percebemos ainda que tem um ódio de estimação por um determinado apresentador de televisão e, mais uma vez sem papas na língua, explica a diferença entre os canais CNBC e Bloomberg.

De modo geral, pelo aconselhamento financeiro aos cunhados, percebemos que Jordan Belfort recomenda a diversificação do portfólio, e a simplificação do processo de investimento. Ou seja, quanto mais automatizada e passiva for a gestão, melhor.

Mais do que isso, percebemos que – inevitavelmente – Jordan Belfort conhece bem todos os meandros de Wall Street, e expõe todos os seus podres sem dó sem piedade. Em suma, o Lobo de Wall Street disponibiliza ao leitor muito do que aprendeu ao longo do seu (atribulado) percurso. Mais do que isso, põe esse conhecimento ao serviço dos interesses financeiros do leitor. Boa leitura, e bons investimentos!


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